Terça-feira, 30 de Novembro de 2004

O Vinho (poema de JJ Puré)

Zigue-zague. Pum. (Não cheira) Catrapum. Dói-dói.



Aipo na mão. Aipo. Aipoooo. Aipoooo. Aipo...



... dia. Podia, podia...



... fragma. Expiro, inspiro. Essência maravilhosa.



Cidade maravilhosa, à Pequim, Janeiro.



Rio. Pesco,



disto: pato-bacalhau. Bacalhau não é peixe, não.



Prefiro com a mão. Zás! Trás! Volta atrás!



Ó tempo, tempo...



... dia. Podia, podia...



... pasão. Afino a voz, ladra o cão.



Canto ao canto, encanto no vão.



Recompensa é fruta. Fruta-uva.



Uva, vinha. Venho.



Vinho.
publicado por Onyros às 11:36
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João João Puré - Uma autobiografia (escrita por outrém). Parte I

Muita boa gente desconhece esse absoluto monumento das artes, que mais fez pela Arte em Portugal que muito boa gente (a mesma que o desconhece), o célebre artista e famoso misantropo e andrógino João João Puré. Para entender o alcance da obra de João João será necessário várias fitas métricas e uma botija de água quente. Assim como perceber de onde veio João João e o que o fazia correr (além dos cães raivosos que sistematicamente o perseguiam).



João João nasceu em 1845 ou em 1945 (existem defensores das duas teorias – a sua incrível má aparência tornava virtualmente impossível descobrir a sua idade), no seio de uma família de mimos. Tendo nascido em tempos difíceis, a família ocupava um degrau numas escadas de uma casa degradada, o que se tornava particularmente difícil para uma família de 27 pessoas. Mais tarde, e através de um significativo esforço financeiro (consubstanciado na venda de vários elementos da família como abajours), a família chegou a ocupar dois degraus.

João João teve uma infância particularmente complicada, dado possuir um problema de saúde invulgar, denominado de ‘perfeita idiotice’, que o obrigava a usar meias nas orelhas e a correr desenfreadamente contra paredes.

João João, de acordo com documentos históricos, terá sido objecto de violência física durante vários anos por parte do pai, que o costumava espancar com bacalhau e aipo. Bastante mais tarde, o pai tentou defender-se dizendo que utilizava João João para amolecer o bacalhau (uma das exigências de uma receita famosa que gostava de efectuar – bacalhau com grão). Talvez por isso, João João suspirava de alívio quando o pai chegava a casa com sardinhas e desenvolveu uma profunda relação de dependência face a estas, tendo inclusivamente tentado casar com uma.



João João passou tempos difíceis na escola, sendo notada a sua particular ausência de qualquer tipo de capacidade para raciocínio lógico. Aliás, este problema foi particularmente notado pela sua professora na escola primária, que terá inclusivamente assinalado que João João tinha ‘uma particular ausência de qualquer tipo de capacidade para raciocínio lógico’. Soube-se mais tarde que a frase completa proferida pela professora incluía a menção ao facto de ‘ser um atrasado mental profundo que gosta de se vestir de costureira’, mas por pressão do pai de João João (que apareceu na escola com um gigantesco bacalhau), essa frase foi apagada dos registos escolares.

João João teve muitas dificuldades em acabar a escola primária, devido à sua inadaptação ao meio que o rodeava e ao facto de ser burro. A sua revolta, resultante de ser sistematicamente impedido de jogar à bola com os restantes companheiros de escola (o facto de João João nessa altura preferir jogar à bola vestido de urso nunca foi compreendido pelos companheiros – e em boa verdade, nem por ele), e a morte de um dos seus animais de estimação imaginários (foi imaginariamente atropelado) resultaram num choque que o atirou para uma cadeira de rodas. Felizmente não se magoou e levantou-se rapidamente, proferindo a profética frase: ’quem é que pôs aqui a porcaria desta cadeira de rodas?’.

publicado por Onyros às 11:26
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A Vida Sexual dos Bivalves (lá para os lados do Índico) - parte I

O Oceano Índico, que se distingue pelas suas dimensões relativamente reduzidas em comparação com as do Oceano Pacífico ou com as do Oceano Atlântico, estende-se na sua maior parte no hemisfério Austral e é fechado ao norte pela Ásia. Largamente aberto ao sul, sob influência da monção asiática, tem a forma de um triângulo, cujas linhas medianas são formadas por dorsais oceânicas, dispostas num Y invertido. A sua profundidade média é de 3.897 m e a máxima, de 7.455 m (fossa de Java).



A dinâmica das águas do Oceano Índico é mais complexa que nos outros oceanos... o que não é de estranhar, e passamos a explicar porquê: os mariscos e mexilhões apresentam sexos separados. Portando, há indivíduos femininos e masculinos.

Mas a fecundação é externa e com formação de uma larva que depois origina o adulto.



Entrevistámos um tubarão, que quis permanecer anónimo, e as suas revelações foram surpreendentes.

AU - A nossa questão é muito simples. Como é a vida no Oceano Índico?

Tub - Eh pá, ninguém tem bem noção do que um tubarão hoje em dia tem que suportar. Tanto mito que corre por aí, sobre nós não dormirmos e o caraças, mas ninguém fala dos bivalves. Aquilo é uma rebaldaria.



AU - Rebaldaria? Bivalves? Pode esclarecer?

Tub - Concerteza. Toda a gente pensa que os bivalves são sossegadinhos, gente pacata... Além de não serem fáceis de comer, o que eles fazem é passar a vida a comer-se. Uns aos outros. Mas quando eu digo isto, era preciso passar uns tempos pelo Índico...

(entretanto fomos interrompidos por um peixe a vender algas)

Tub - ... como eu ia dizendo, está um gajo a tentar descansar um pouco, começa a orgia desenfreada. Clac clac clac a noite toda, aquele barulho irritante dum bivalve contra outro bivalve! Ainda por cima, eles não são esquisitos, basta dizer que são BIvalves. E depois estranham que tenhamos mau feitio... Atão se um gajo n'a dorme, há-de andar bem disposto?



Depois de termos comprado 5 algas por 1 euro, uma promoção de 3 vermelhas, uma amarela e outra verde, tentámos entrevistar um casal bivalve, mas rapidamente chegámos à conclusão que são gente muito fechada.
publicado por Onyros às 10:08
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Segunda-feira, 29 de Novembro de 2004

A Trongónia - Um Paraíso ali entre o Burundi e o Malawi

Inagura-se aqui uma nova secção, de carácter pedagógico na onda 'National Geographic', destinada a enriquecer os leitores.



Hoje iremos conhecer uma obscura nação da África Central, a Trongónia.

A Trongónia é um país (ou nação – aqui a doutrina diverge) de cerca de 2,5 milhões de habitantes, literalmente entalado entre o Burundi e o Malawi, ali como quem vem da Zâmbia. Nas palavras de um nativo, ‘sai-se do Burundi, vai-se sempre em frente cerca de 2 ou 3 Km, vira-se na segunda à direita e é a seguir à bomba de gasolina’. Apesar de oficialmente a população atingir os 2,5 milhões, em diversas visitas ao país, vários exploradores foram incapazes de encontrar mais de 15 pessoas, o que motivou o célebre artigo ‘Onde estão o raio dos trongoneses?’ publicado pelo famoso antropólogo Antrop Ólugu na revista ‘Cheap Science’. A correcta forma de denominar os habitantes da Trongónia foi, inclusivamente, objecto de acesa polémica a nível da Royal Geographical Society, com a facção de Sir Ars Hole a defender o uso de ‘trongónios’ e a facção de Sir Imb Ecile a defender o uso de ‘trongoneses’. A polémica desencadeou um apaixonado confronto, tendo sido distribuídas várias estaladas no refeitório do Sociedade, e inclusivamente caído ao chão uma taça de gelatina, um evento histórico que se passou a designar ‘A queda da taça de gelatina’.

Os trongoneses utilizam um sistema de governo rotativo, ou seja, o governo, nas horas de expediente, ocupa um carrossel. Desde a instituição da democracia, o governo já foi deposto cerca de 52.346 vezes, basicamente porque é bastante complicado manter o equilíbrio em cima do carrossel.

A Trongónia possui uma cultura rica, assente no culto do dedo grande do pé. Os chefes das tribos, que controlam a Trongónia rural (99,9999% do território), são escolhidos pela proeminência do dedo grande do pé direito (ou esquerdo, se tiver nascido às 14.30h de uma sexta-feira, enquanto esteja a tocar na rádio uma música dos Bee Gees). Os recém nascidos com uma evidente deficiência no dedo grande do pé são sacrificados à divindade que marca o culto religioso na Trongónia: ‘Toni’. Os sacrifícios consistem no visionamento da encenação do My Fair Lady através de mímica pelos anciãos da tribo (um recém nascido normalmente aguenta cerca de 10, 15 minutos).

Aos domingos, segundas, terças, quartas, quintas, sextas e sábados, a prática religiosa implica a ingestão de minis e tremoços ao som de música tradicional trongonesa (que consiste normalmente num conjunto de 4 trongoneses a imitar os Beatles com instrumentos virtuais). Os trongoneses são monogâmicos todas as sextas-feiras, das 15.30h às 15.35h, e o casamento é visto como uma instituição desnecessária (‘já temos a tortura e os sacrifícios’ aponta um trongonês).

Uma refeição típica trongonesa inclui um bitoque ou iscas, acompanhada da bebida alcoólica típica da Trongónia, uma exótica mistura de uvas fermentadas a que chamam de ‘vinho’.



Assim se conclui este primeiro post de âmbito mais alargado e pedagógico. Não percam o próximo intitulado ‘A vida sexual dos bivalves, ali para os lados do Índico’.

publicado por Onyros às 13:41
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Bêbado ou Bêbedo?

Um esclarecimento, desde já. Não estou a falar do estado do Henrique Chaves quando aceitou integrar o elenco governativo do Santana Copos.



Reflexão de Segunda-Feira de manhã: depois de beber aquele abafadinho que me ofereceram no Sábado à noite, estaria eu bêbado ou bêbedo? Tendo em conta que estava perto de Santarém, onde se fala à boca cheia e com arrojo campino, eu estava bêbado. Se a localização geográfica fosse mais ocidental, digamos no meio lisbonense, aí sim, diria que estava bêbedo.

É tudo uma questão de gosto, de apreensão cultural feita no momento, da capacidade de adaptação às possibilidades do meio. Com uma fatia de pão caseiro na boca e as patilhas por cortar, só faz sentido o bêbado. Com uma bolachinha Ritz e um fino queijo, ganha o bêbedo (e as bolachinhas Ritz que acabaram de ganhar publicidade de borla).



De resto, pimenta no copo dos outros para mim é refresco. As duas formas estão, essencialmente, correctas. E o abafadinho era, essencialmente, maravilhoso.
publicado por Onyros às 10:02
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Sexta-feira, 26 de Novembro de 2004

Preâmbulo dos AU

Alcoólicos Unânimes é uma comunidade de seres iluminados que partilham entre si a sua experiência, força e esperança para ultrapassar o estigma social da incompreensão e ajudar os outros a recuperarem-se da abstemia.



O único requisito para se ser membro é o desejo de beber (q.b., com fartura, tipo... bué). Para se ser membro dos AU não é necessário pagar taxas de admissão nem quotas. Se bem que se nos pagarem uns conhaques não fica nada mal.

Somos auto-suficientes pelas nossas próprias contribuições, se bem que não fique nada mal reforçar agora que se nos pagarem uns whiskies, nunca será má ideia.



AU é, indissociavelmente, uma seita, uma religião e uma desorganização (3 em 1, tipo o B-52); tenta, acima de tudo, envolver-se em controvérsia, subscreve combates e quaisquer causas que nos apeteça. Por capricho ou ressaca, tanto faz.



O nosso propósito primordial é o de nos mantermos ébrios e ajudar outros alcoólicos a alcançar a notoriedade. E nunca será demais reforçar que se nos quiserem pagar umas 'jolas, nunca será mal visto. Já tinha dito isto?
publicado por Onyros às 17:11
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Gatinhar de volta

"A divagar se chega ao longe", já dizia... eu.



Há que gatinhar de volta aos nossos ébrios ártigos, como um bom Alcoólico Unânime (AUUUUUU para futura referência) faria. Prometemos uma análise da suposta sobriedade do acontecimento nacional sempre que deambularmos pelo ziguezagueante percurso do país. Afinal, somos parte de uma nobilíssima nação de larga tradição alcoólica e o nosso espaço pretende ser uma referência nesse mesmo âmbito. Temos opiniões legitimadas pela nossa larga experiência de esvaziamento dos recipientes que contêm o verdadeiro alimento da alma.



Temos Dionísio no espírito, e delirium tremens no corpo. Felizmente não se nota. Não escrevemos à mão.
publicado por Onyros às 16:29
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Ai ai, estou que nem posso

Uma das gordas na imprensa hoje (e não estamos a falar da Heloísa Miranda nem da Simara) dizia que 'a remodelação governamental causa mal-estar no governo'. Consta mesmo que o governo se sentiu tão mal que vomitou.
publicado por Onyros às 16:15
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We're back

O período de hibernação acabou. O Álcoolicos Unânimes (para mal dos pecados da humanidade) volta à carga. Qual Fénix renascida das cinzas, anuncia-se aqui oficialmente a revitalização do blog.

Mais novidades dentro de 10 meses.

publicado por Onyros às 16:06
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